O QUE NOS MOVEU A PESQUISAR:
Observamos, com base nos trabalhos realizados no Projeto "O resgate da radionovela" que o texto teatral, apesar de pretexto para composição da cena, é um elemento importantíssimo para o ator, por fornecer inúmeras possibilidades de adentramento em seus subterrâneos, o que Walter Bandeira denominava "sub-sub". Mergulhos que, segundo ele, desaguam sempre em novas conexões e relações que são experimentadas pelo ator na composição de seus personagens, e vivenciadas pelo espectador/ouvinte que os assiste/ouve.
Junto a isso tínhamos o desejo de realizar um trabalho mais apurado com a voz dos atores como único elemento capaz de fazer essas sucessivas viagens interpretativas às camadas mais inferiores do texto teatral, essas múltiplas territorialidades/ desterritorialidade/ retorritarialidades, foi algo que nos motivou a empreender esse trabalho que conta como elemento propulsor de nossa mais alta provocação e é o foco de nossa pesquisa.

O QUE ESTAMOS FAZENDO PARA PESQUISAR
A metodologia empreendida "junto-separado-junto", exercícios pessoais e coletivos propostos pelo encenador, os indutores da memória afetiva, as histórias de vida de cada um, a musicalidade no imaginário do ator-criador tem sido os instrumentos que nos ajudam a visitarmos os vários lugares da gente, atores e autor, bem como os lugares visitados imageticamente que as pessoas tem relatado em nossas conversas ao término das apresentações.
A metodologia de ouvir as pessoas falarem sobre o trabalho tem auxiliado a gente a elucidar questões não observadas no decorrer do processo, agregar valor e continuidade a alguns aspectos que já estamos realizando e nos lançar por novos canais sinalizados por elas ao pontuarem aspectos específicos do espetáculo.

O QUE JÁ DESCOBRIMOS ATÉ AQUI
Certamente o projeto pensado na perspectiva de pesquisa-espetáculo confere ao trabalho achados importantes em cada etapa vivenciada. A cada nova apresentação seguida da audição do público, sentimos que os personagens A, B e C alteram pequenas partituras, vocais e corporais, como modelagem movediça, não fixa mas consistentes em sua proposta de pesquisa de experimentar coisas novas, sem contudo perderem a essência de sua dramaturgia, o que está na base do ator-interprete-criador e ele traz para a cena.
O fato de nos colocarmos abertos a este tipo de diálogo tem nos deixado mais disponíveis para acolher as outras possibilidades que o corpo, a voz corporificada no movimento e o deslocamento das vozes nos propõe em cada novo espaço que apresentamos. Um outro aspecto importante tem sido a relação com a luz, uma vez que esta tem aparecido cada vez mais com o quarto personagem desta empreitada, protagonista e antagonista cênica que juntamente com o texto tem nos ajudado a tecer inúmeras outras fiações com a cena pessoal, de cada personagem com ela e destes com os demais, desembocando no espetáculo em si.